NATAL PRESS

Ninguém consegue explicar quando ele surge. Primeiro, porque é mal-educado. Chega sem avisar, entra sem bater na porta do nosso coração e vai alma adentro. Assim como se fosse um morador antigo, ele vai, sem cerimónias, até ao nosso âmago. Aos poucos, esse intruso, sem que a gente perceba, começa a tomar conta do nosso pensamento. E nós, na medida em que nos sentimos dominados, mais gostamos de senti-lo encravado nas nossas profundezas. Ele carrega consigo uma sensação tão boa que jamais queremos que ele saia.
Ele é singular. Não tem preconceitos de nenhuma espécie. Cor, raça, género, idade, seja o que for, inesperadamente ele pode chegar.
Não há dia nem hora, mas é sempre certeiro e fulminante! Qualquer um, desde que tenha um mínimo de sentimento, está sujeito a receber tal visita.

Mas, cuidado! Não o trate mal porque ele não gosta. Qualquer sintoma de descaso é suficiente para que ele, da mesma forma que veio, faça seu caminho de volta. Para nunca mais retornar.


Às vezes, quando estamos meio sossegados, achando que a vida é assim mesmo, que as emoções são coisas do passado, ele nos surpreende, chega e, como se fôssemos um automóvel sem combustível, ele nos reabastece. E a vida, até então sem prazer, ganha novos e lindos contornos.


É assim que nos sentimos quando apaixonados. Tanques cheios de amor e dispostos a percorrer os caminhos que nos conduzam até o coração da pessoa amada. E aí, juntos, pode-se fazer grandes viagens para um futuro que agora nos parece palpável. Até onde vai dar, ninguém sabe. Pouco importa, aliás. Importa, sim, o que sentimos.

Deixemos que ele nos guie por essa nova estrada. São, como todas, plenas de retas e curvas, e devemos ter cuidado para que o trajeto seja feito em paz.
E então, na penumbra e no silêncio do nosso quarto descobrimos coisas que sequer sabíamos que existiam. As peles, ao menor contato com a outra, nos leva viajar por um mundo de sonhos. Uma delícia! Cabelos que se assanham, olhos que se cruzam e bocas que se unem, enchem nossos peitos de sentimentos nunca antes experimentados. Aí, o nosso amor se torna legítimo e gostoso como só dois seres que se amam são capazes de sentir.

Quando os nossos corpos estão banhados em suor, a sensação é de entrega total. Sem limites, como deve ser. São completamente um do outro. Corpos e almas. Que continuemos assim. Cada vez mais alimentando esse forasteiro que queremos que fique para sempre dentro de cada um de nós.



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