Votei em Bolsonaro e, diante do cenário que se apresentava, votaria outra vez. Tudo para tirar o Brasil do imenso lamaçal no qual se encontrava. Dessa forma, tal atitude me concede o legítimo direito de avaliar sua administração. Afinal, como qualquer outro cidadão brasileiro, sou atingido por qualquer decisão emanada através do nosso Executivo maior. Aliás, deixo claro que as observações que ora faço têm a nítida intenção de mostrar fatos que, no meu olhar, não trazem benefícios para o Brasil, bem como, de forma alguma, me conduzem à oposição.
 
Gosto da sua obstinação em fazer as coisas transparentes, vejo que seu semblante traduz boa intenção, além de honestidade, predicados naturalmente esperados em qualquer dirigente de um país. Por outro lado, preocupa-me sua forma por vezes açodada de emitir depoimentos, o que o leva a corrigir o dito. Como exemplo, ele afirmou que o STF “precisava de ministro evangélico”. Ora, não é requisito ser evangélico para ocupar uma cadeira no STF. Nem tampouco ser católico ou ateu.

Desconheço como os mais antigos lá chegaram. Mas, pelo “critério” adotado para os mais recentes - Toffoli, colocado por Lula e Alexandre Morais, por Temer – creio que o mérito do conhecimento jurídico e a consequente e fundamental postura de total isenção não foram colocadas na balança quando ocorreram as escolhas. Isso é muito ruim!

Voltando a Bolsonaro, fixo-me em um episódio que causou-me espanto, que foi a indicação do filho para ocupar um dos postos mais importantes do mundo que é ser embaixador nos Estados Unidos. Exatamente isso. Presidente, é lá onde as coisas acontecem. E é lá que sempre deve estar um nome com traquejo em Política Exterior, hábil negociador, conhecedor de Economia, Direito Internacional, além de uma vasta experiência no cargo. A carreira diplomática é difícil. Quem quiser ver o trajeto, basta acessar http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/concurso-de-admissao-a-carreira-de-diplomata .

Se o gesto de Bolsonaro foi, na minha ótica, um despautério, pior ainda foi o próprio indicado expelir suas qualificações em rede nacional – quiçá internacional. Vangloria-se de ter feito intercâmbio, fritado hamburguer, falar inglês, entre outras besteiras. Ora, milhões de pessoas no Brasil tem essas “qualidades”. Só não têm o pai como Presidente da República. Assim, tudo isso fica muito mais difícil de digerir do que os hambúrgueres fritos pelo “cheff”.

Presidente, sublinhar uma nomeação desse porte ancorada numa amizade dele com os filhos de Trump é dose cavalar. Só por curiosidade: eles eram amigos antes de Trump ser o presidente americano? Não sei, mas duvido! E ele vai para lá fazer outro intercâmbio ou representar o Brasil dentro da nação mais poderosa do planeta? Será que ele tem não amigos em outros países?

Lamento em dizer, mas isso parece muito com o comportamento que outrora era largamente adotado em cidades do interior, quando os filhos do prefeito tudo podiam e tudo faziam. Só lembro, Bolsonaro, que o Brasil não é cidade de interior, seus habitantes não usam mais o “cabresto” e, acima de tudo, vivem em um país que lutou por ela e hoje têm a Democracia como seu norte. Fique do lado dela e deixe que seu filho vá cuidar de outra coisa que esteja dentro do seu alcance.

Como bem disse Raul Seixas: “Pense outra vez...”