Pobre ser vivente que só consegue ser feliz se encontrar sua "alma gêmea". Triste criatura aquela que permite que outros escrevam o roteiro do seu destino. Deplorável o homem que se acha apenas uma metade de si mesmo. Merecedores de pena aqueles que se julgam incapazes de se bastarem.

A pessoa que pensa assim, um dia se apaixona por outra que ela julga ser sua "cara metade". A partir de então, essa "cara metade" que trate de fazê-la feliz. Mas os dias passam e essa tal felicidade não chega. Mais uma vez, ainda na ilusão, ela acha que aquela não era a "cara" esperada e sai atrás de outra. Depois de inúmeras "caras metades" e “almas gêmeas”, a infelicidade continua. O tão sonhado sentimento que ela tanto procura nos outros não dá sinal de sua existência.

Mas, felizmente para alguns, o tempo passa e, somado aos desacertos da vida, geralmente traz bons frutos, como a sabedoria, por exemplo. É nesse momento, então, que, num lapso de lucidez, ela percebe que sua "cara metade" nada mais é do que ela mesma!

Ora, o ser humano para ser ele mesmo, tem que ser inteiro, completo. Ninguém é capaz de lhe trazer a felicidade. Nascemos sós e sós morreremos. Ter admiração e amor por ele mesmo é a base de tudo. Perceber suas limitações e virtudes são ingredientes necessários para o autoconhecimento.

Nós só podemos ser felizes e só conseguiremos amar alguém se formos apaixonados por nós mesmos. A partir dessa descoberta, estaremos preparados para viver com outra pessoa. Sem essa de "cara metade", de “alma gêmea”, de responsabilidade pela felicidade um do outro. Simplesmente são dois seres que se amam e descobrem que essa é a verdadeira estrada que conduz à felicidade.

Dois inteiros que, aí sim, se tornam um só. Ponto final.