Amanheci o dia com esse assunto na cabeça. Não sou pessimista, ao contrario. Acho a vidaótima e enfrento os problemas, quando os tenho (e quem não os tem) com coragem e determinação.Mas que a vida é incerta, lá isso é. E completava o pensamento, a única coisa realmente certa é a nmorte, mas, felizmente, desconhecemos quando e como ela vai nos atingir.

E como a vida é incerta! Na realidade, uma loteria. Pensei, por que meu irmão Jener se foi tão cedo, aos 27 anos, em 19 de julho de 1960, enquanto eu já fiz 85? Existe alguma explicação, ou foi mesmo um mero acidente? Poderia ter sido eu em vez dele? Algumas religiões tentam explicar essas mortes prematuras como um prêmio. Mas cedo essas pessoas estariam gozando as ditas delícias de uma outra vida. Não sei, nem tenho pressa em saber. Inclino-me mais a acreditar que quando se morre, se morre mesmo. Embora, no fundo, torça para estar errado.

De repente, com esses pensamentos tristes, mas reais, recebo uma mensagem de que meu grande amigo, grande figura, José Nilson de Sá, havia falecido. Mais velho do que eu, um sete ou oito anos, com quem convivi de perto. Fui com ele e Maria Helena, comemorar os cinqüenta anos de casados deles em Paris. E, depois, o aniversário de setenta de Maria Helena em Buenos Aires.

Já fiz sentir minha tristeza à família, por intermédio de Enio. E pedi desculpas pela minha ausência no velório. Não me faz bem, e ultimamente tenho evitado comparecer à cerimônias como

essa, à Missas de sétimo dia. Explico-me aos familiares que, felizmente, entendem. Zé vai deixar muita saudade. Alegre, espirituoso, grande papo, contador de estórias e de

História, pela vida que levou durante tantos anos, apreciador de um bom whisky, em resumo, uma vida profícua, prazenteira e realista, vai nos fazer muita falta. Fisicamente, se ausentou, mas permanece vivo nas nossas lembranças.