Estive imaginando um pais maravilhoso. Pasárgada? Não, Cuba. Cuba deve ser mesmo um pais maravilhoso. Você não ouve falar em greve, seja de que natureza for. O povo nada reclama. Não há manifestações, nem baderneiros. O pais não tem miséria. Todos estão felizes.

Tão felizes que, com uma boa vontade extraordinária de ajudar os outros, se prestam a trabalhar em qualquer país, ganhando salários ínfimos, deixando suas famílias para trás. Não sabem aonde vão trabalhar, durante quanto tempo e não têm qualquer idéia do ambiente de trabalho. É necessário muita dedicação, muito amor pelo próximo, muito desprendimento pessoal, para se sujeitar a esse tipo de trabalho. Impressiona.

Fico imaginando o descontentamento por aqui. As manifestações nas nossas ruas, hoje dominadas pelos baderneiros; um numero inusitado de greves, com motivações que vão desde as realmente justificáveis às totalmente irracionais. O total desrespeito as autoridades, qualquer autoridade. A leniência com que são tratados os criminosos, dos politicos ao mais simples cidadão e por pior que seja o seu crime. Justiça que tarda e mais das vezes nunca chega. E quando chega, para alguns já é tarde demais. Morreram.

Não dá para entender essa liberdade excessiva que temos, de reclamar de tudo, meter o pau no governo e nos governantes. Desafiar a Polícia, agredir concidadãos sem justificativa, roubos, saques, as brigas no trânsito, o desrespeito a tudo e a todos. Desrespeito total aos direitos dos outros. A gente chega a pensar que está tudo errado. Algo tem que ser feito.

Quem sabe? Imitar Cuba e sua democracia? Quem pode duvidar de democracia sólida, num pais tão bem governado que mantém os mesmos dirigentes há mais de 50 anos, e quando muda é de irmão para irmão? E mantidos no poder em eleições simples e honestas, em que nem sequer há concorrentes? Com um só partido, que tão bem responde aos anseios do povo, enquanto aqui, temos sopas de letras que se dizem partidos, mas na verdade nada representam? Adotar sua economia, onde todos ganham mais do que suficiente para uma vida decente e dedicada ao próximo? Onde impera a compreensão e a irmandade, a bondade é evidente e o amor e dedicação ao país surpreende? E não só ao país, mas também aos estrangeiros?

Claro, existem alguns pessimistas, desmancha prazer, que mostram fotos e fatos, e se apresentam insatisfeitos com essas bonanças. Asseguram que o povo vive mal, quem falar do governo vai parar na cadeia, que possíveis manifestações são combatidas no nascedouros com o desaparecimento dos líderes, que falta comida e saúde. Existe até uma moça, Yanis Sanchez, que tem a coragem de afirmar tudo isso pela internet. E, milagre, já foi presa algumas vezes, mas conseguiu ser solta, o que mostra a tolerância do governo cubano. Nem precisava da indevida e incompreensível pressão internacional, que invade o direito de decisão do povo cubano. Teve, depois de muita luta, autorização para sair do país. O governo de lá resistia, para não contaminar outros países com suas idéias esquisitas. Veio ao Brasil. Mostrou todo o sofrimento do povo. Foi preconceituosamente recebida pelos amantes da liberdade naquele país, mas que odeiam a nossa liberdade. Provaram, por a mais b, que ela é uma mentirosa e que o paraíso é lá mesmo. Mas, nenhum deles se candidata a morar lá.

Talvez, como não querem ir para o paraíso e preferem o nosso inferno, estão trazendo alguns anjos para cá. É rezar para que não se contaminem com o nosso comportamento arruaceiro, com a nossa mania de liberdade, com a nossa leniente democracia. Podem, quando voltarem ao seu país, contaminar o paraíso onde vivem. Todo cuidado é pouco.