O que tem sofrido de prorrogação o termino do prolongamento da Omar O’Grady, que o governo chama de Prudente de Morais, com as desculpas mais esfarrapadas que se pode ouvir, daria para escrever um manual de como não administrar uma obra. E, agora, a informação de que a parte já terminada apresenta falhas e buracos, completa a descrença do povo, nos quais me incluo, nas autoridades ditas constituídas.

Dias passados vi na TV um programa sobre o problema dos buracos nas ruas e estradas no Brasil, o que não é novidade. Levou-nos a um laboratório universitário, onde uma professora mostrou o óbvio. Toda essa buraqueira é causada por pura e constante incompetência. Simples assim: as normas técnicas não são observadas. E essa incompetência é a mesma que leva ao atraso ad infinitum na conclusão de obras públicas.

Lembrei-me de meu tempo de menino, morador da Rua Açu, pertinho da Hermes da Fonseca – ano de 1942, acho. Os americanos, que já estavam por aqui em número e construíam Parnamirim, iniciaram a construção da “pista”, como ficou conhecida. Novo acesso ao aeroporto, pois antes se ia por Macaíba. Uma lonjura, com as estradas de então; simples caminhos carroçáveis. Essa pista resistiu a todo o tráfego da guerra, intenso, e ainda sobreviveu por um tempão, até ser recoberta pela nova via dupla.

Depois da aula, um dos meus passatempos era ver a construção, que foi super rápida. Umas máquinas enormes, “nunca antes vista neste pais”, que em pouco dias faziam não sei quantos quilômetros, nos deram a estrada em pouquíssimo tempo. Curioso, prestava atenção aos detalhes.

A estrada era composta por várias camadas. Não perguntem de que, exatamente. Mas, tinha uma quantidade razoável de cascalhos nas camadas inferiores, uma lapada de asfalto grosso com cascalho fino depois e, no final, um asfalto mais fino, que dava à superfície uma película lisa. Em pouco tempo, e com tantas máquinas, estava tudo pronto. Uma dessas máquinas, que me chamava mais atenção, era uma tal de “Barber Greene”. Enorme, da largura da faixa de rolamento, tinha um grande depósito onde os caminhões derramavam a camada de asfalto e ela espalhava na estrada. Acho que ainda hoje é usada. Mas, naquele tempo, e em Natal, era uma grande novidade.
Posso até estar enganado. Apesar do movimento intenso, nunca vi uma buraco nessa estrada. Uma estrada construída rapidamente, que para eles tinha que durar apenas durante o tempo que a usariam, dois, três, quatro anos, ficou aí sendo usada por não sei quanto tempo mais. Resultado da tecnologia utilizada, preocupação com a qualidade e, talvez mais importante, sem marreteiros no meio.

E nós? Não aprendemos nada e o exemplo não vingou. As obras sem fim e os buracos inúmeros que o digam.

Dalton Melo de Andrade - Escrevinhador