Células-tronco na incontinência urinária, cirurgia robótica no SUS, novo remédio para a Doença de Peyronie são alguns dos temas. No evento, SBU lança compêndio de 120 páginas com as novas recomendações para o câncer de próstata

16 a 20 de novembro – O uso de células-tronco para tratamento da incontinência urinária de esforço, o risco da cirurgia bariátrica para a formação de cálculos renais e as novas recomendações em câncer de próstata são alguns dos temas do 34º Congresso Brasileiro de Urologia, organizado pela Sociedade Brasileira de Urologia, de 16 a 20 de novembro, em Natal (RN). São 30 palestrantes internacionais, um recorde em relação às ultimas edições do evento, que acontece a cada dois anos. São esperados cerca de 3.500 especialistas.

“Teremos a apresentação de algumas inovações tecnológicas e da indústria farmacêutica, o debate dos temas controversos e a reunião das sociedades internacionais de urologia como a americana e a
europeia, que terão espaço na plenária para mostrar seus pontos de vista”, explica o presidente da Comissão Científica, Valdemar Ortiz.

No evento, será lançado o livro “Recomendações em câncer de próstata 2013”, com as indicações atualizadas dos procedimentos que devem ser adotados pelos médicos, de acordo com os parâmetros da Sociedade Brasileira de Urologia. Entre as novidades a nova recomendação de visitar um urologista para avaliação da próstata a partir dos 50 anos, e não mais dos 45 anos. Já para quem tem casos na família ou tem descendência negra a idade passa de 40 para 45 anos. “É uma tendência mundial essa mudança. Ela é baseada nos trabalhos científicos publicados nos últimos anos”, diz o presidente da SBU, Aguinaldo Nardi.

Organizado pelo chefe do Departamento de Uro-oncologia, Antonio Carlos Pompeu, e por Aguinaldo Nardi, a obra tem 120 páginas e contou ainda com o apoio de 23 especialistas –urologistas, oncologistas e radioterapeutas – para elaboração de seu conteúdo. O livro aborda a posição da SBU frente ao screening (rastreamento) da doença, até as últimas novidades terapêuticas.

Outros temas de destaque são: as novidades nas cirurgias renais, o futuro da uro-oncologia, novos parâmetros da OMS para o espermograma, a influência da nutrição e da obesidade no câncer de próstata,
como diagnosticar e tratar o desejo sexual hipoativo do homem, o transplante renal no Brasil e no mundo, entre diversos outros.

Células-tronco para tratar incontinência urinária de esforço

No tutorial de Urologia Feminina serão debatidos os estudos experimentais sobre o uso de células-tronco para tratar a incontinência urinária de esforço. “Descobriu-se que as células-tronco induziriam a regeneração de tecidos musculares, o que poderia melhorar a resistência da uretra de mulheres que sofrem com o problema. Mas ainda estamos em uma fase experimental”, diz o chefe do departamento de Urologia Feminina da SBU, Júlio Resplande. Também será discutido o uso da robótica para tratamento das doenças urológicas femininas.

Cirurgia bariátrica aumenta incidência de cálculo renal

No Congresso, serão apresentadas as novidades em cirurgias minimamente invasivas para tratar o cálculo renal. “As cirurgias percutâneas estão cada vez mais menos agressivas e com menor número de
complicações com a chegada de equipamentos mais modernos”, afirma o chefe do departamento de Endourologia da SBU, Ernesto Reggio. De acordo com ele, hoje se conhece mais sobre a formação do cálculo renal, o que tem ajudado na indicação de uma dieta mais adequada para evitar seu surgimento.

Um fato curioso e que será debatido no evento é o risco de cálculo renal em pessoas que realizaram alguns tipos de cirurgia bariátrica. “Algumas técnicas desviam o trânsito intestinal, alteram o
metabolismo e causam um aumento de oxalato na urina. Os pacientes também logo após o procedimento ficam mais desidratados, pois não conseguem ingerir muito líquido”, ressalta Reggio. Cerca de 90% das pedras são formadas por oxalato.

Nova droga para Doença de Peyronie

Caracterizada pela curvatura do pênis em estado ereto devido a uma placa fibrótica, a Doença de Peyronie, relatada pela primeira vez em 1740, ainda não tem uma cura absoluta. Mas novas drogas chegam
ao mercado para tratar o problema e evitar, inclusive, a intervenção cirúrgica. O problema pode dificultar e até mesmo impedir o relacionamento sexual.

A novidade é um medicamento injetável aplicado diretamente na fibrose do pênis. “Os estudos têm mostrado o amolecimento e reabsorção da fibrose, diminuindo a curvatura. Em alguns casos o medicamento
pode evitar o tratamento cirúrgico”, explica o chefe do Departamento de Sexualidade Humana, Geraldo de Faria. O produto ainda precisa receber o FDA para ser comercializado nos EUA. Não há previsão de quando estará no Brasil, mas ele já está em discussão entre os médicos brasileiros.

Experiência da robótica no SUS

O chefe do serviço de Urologia do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, Franz de Campos, vai apresentar no dia 20 a experiência de um ano do uso da cirurgia robótica para extrair o câncer de próstata na unidade. “Já operamos 60 pacientes e vamos agora começar a realizar a cirurgia de câncer de rim com o aparelho”. O Inca foi a primeira e única instituição pública a receber o robô.

Ao completar cinco anos da chegada do robô Da Vinci ao Brasil para a cirurgia do câncer de próstata, já é possível avaliar seus estudos de mais longo prazo. “Ele parece ter uma pequena vantagem sobre a
cirurgia aberta em relação à disfunção erétil e a incontinência urinária”, diz Ortiz. O robô será tema de algumas mesas-redondas.

Serviço:

34º Congresso Brasileiro de Urologia

Data: 16 a 20 de novembro de 2013

Horário: das 7h às 18h30 (podendo variar)

Local: Centro de Convenções de Natal - Av. Sen. Dinarte Mariz, s/nº

Mais informações: www.cbu2013.com.br