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Parafraseando um certo líder latino-americano, nunca nesta região se viu uma safra tão ruim de governantes e lideranças políticas. Até onde alcança o olhar do analista político (livre e desembaraçado de qualquer ideologia, ressalte-se) o cenário é desolador. Particularmente, desconheço outro período da história tão árido e carente da presença de lideranças ajuizadas como o que atravessa atualmente a América Latina. No Brasil, a catraca do desenvolvimento – agente catalizador para a conquista de um razoável padrão de crescimento – está rodando para trás há bastante tempo. A Venezuela, por sua vez, já cansou a plateia, tanto interna quanto externa, de tanto causar vexames. No país a crônica da insensatez chegou a tal ponto que o prato de rotina do venezuelano é a insuportável escassez de tudo – seus moradores já encontram dificuldades até para adquirir papel higiênico. Já pensou?

Na Argentina, a treslouquice de seus mandatários tirou o país do patamar, a até poucas décadas atrás, de um dos mais prósperos e avançados do mundo, para jogá-lo numa trilha de empobrecimento e atraso cujo desfecho final se afigura de cores trágicas e de indigestas consequências, culminando com a ascensão ao poder da Presidente Kirchner, cuja desmiolabilidade vem alcançando índices inimagináveis. Correndo por fora, numa desabalada e incompreensível disputa para ver quem alcança a primeira posição desse verdadeiro campeonato do caos, outros países da região também se dizem presentes, como a sinalizar a existência, entre eles, de uma irmandade de ações e pensamentos. De quebra, atiram para longe qualquer atitude de bom senso e de sensatez, demonstrando que, quanto mais ilógico e estapafúrdio for o desempenho de seus governos, mais pontos perfazem na disputa.

As consequências, diante da existência de tal trupe, são nefastas. Desabastecimento generalizado, contas públicas em frangalhos, déficits públicos monumentais, portos, aeroportos e estrutura viária em pandarecos, dificuldade para obtenção de créditos externos, moratória, falência de empresas e bancos – e uma imagem na comunidade internacional que condiz com o ditado popular: “fulano está mais sujo do que pau de galinheiro”. Entretanto, e apesar dos altíssimos sacrifícios impostos às populações, tais mandatários administram seus países com mão de ferro, impondo-lhes um regime que vacila, no fio da navalha, entre a democracia de araque e a ditadura. Em comum, a adoção de medidas que amordaçam a Imprensa, escravizam o Judiciário e emporcalham o Legislativo através da concessão de cargos, verbas de origem criminosa e vantagens de fazer corar o mais sem-vergonha dos canalhas.

E o Brasil? O Brasil também não fica atrás nesse contexto – embora ainda conte com uma Imprensa razoavelmente livre, um Judiciário não escancaradamente governista e um Congresso onde ainda se vê lampejos de oposição. O futuro, porém, é incerto. E para se ombrear aos demais integrantes do bloco, conta com uma Presidente que desperdiçou o primeiro mandato, prepara-se para fazer o mesmo no segundo – e segue com um discurso de difícil entendimento, caracterizado por uma tortuosidade mental insondável e um labiríntico raciocínio que ninguém alcança. Difícil. De quebra, se vê às voltas com uma onda de corrupção como nunca se viu, para a qual demonstra solene desprezo pela punição aos envolvidos, e uma ferrenha disposição de defender amigos e aliados – quando tudo aponta para o oposto. Um desastre! Que pode ficar bem pior: pelo risco de vê-la vencedora do certame.

Públio José – jornalista