NATAL PRESS

Saudade desse aviso. É verdade. Isso lembra os primeiros namoros, primeiros beijos e primeiras aventuras na busca pelo então desconhecido e tão imaginado. Ave Maria, como era bom! Pois bem, vou tentar contar mais ou menos como era. Antes, porém, um aviso: QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS ACONTECIDOS É MERA COINCIDÊNCIA!

Quando começava o namoro de adolescência, o cara tinha uns 14, 15 anos e menina era sempre um pouco mais moça. Diziam que elas amadureciam mais rápido. Deve ser. Toda fruta boa é assim. Se bem que tem umas que o cidadão come quando ainda estão “inchadas” ou “de vez”. Deixa pra lá. Continuando, por volta das sete, sete e meia da noite, cigarro no bico pra impressionar a girl, o playboy chegava na casa da menina. Nervoso, mas sem querer demonstrar, é claro. Afinal, macho é macho! (Eita!) De longe, já na calçada, ela já estava lá a esperar. Bem bonitinha, vestido novo, cheirosa, coisa de deixar o cara doido.

Como o papo era minguado, o negócio era partir para o ataque. Pegava na mãozinha gelada dela com mais força e puxava para um beijo. Os dois corações pareciam a bateria da Mocidade. Só que descompassados de amor, como cantou Elis Regina num bolero de lascar o cano. Olhos fechados e pegue beijo. Cada um querendo mostrar mais “experiência”. Adquirida por ele nas revistas de sacanagem. Por ela, na Querida mais nova. Coisa linda! Com um detalhe: essa fase só de beijos às vezes demorava bem pouquinho. Não que eles enjoassem, é que tinha mais coisa pela frente.

E aí, meus caros, começava a verdadeira Guerra dos Sexos. Ou das mãos. Nessa fase, o banquinho já tinha ficado pra trás. O negócio era em pé. Tinha que ser. Um beijo molhado e lá vai mão em busca de um peito, de uma perna, etc. E lá vem mão tirando a atrevida. Tentava de um jeito, nada. De outro, nada. Então o cara, muito do sem-vergonha, olhava nos olhinhos dela e soltava: “Você não me ama? Se me amasse como eu lhe amo, deixava pelo menos eu dar uma pegadinha” (O safado já tinha mais coisa em mente). Ela, aflita, dizia: “Você sabe que lhe amo. Você é tudo que importa nessa vida. Mas papai disse para eu ter muito cuidado com essas coisas”.

Era nesse momento que o tarado começava a odiar o “sogro”. “Esse velho deve ter feito muita sacanagem na vida pra ter esse cuidado todo”, pensava ele indignado. Mas, com tempo e persistência, ela cedia. A carne era, e é, fraca. O cara apaixonado pela menina se refestelava todo. Pegava aqui, pegava acolá, ela se defendia aqui, aliviava acolá e negócio pegava fogo. E aí, amigos, chegava um dos melhores e saborosos momentos do romance. O cara, completamente “pronto”, encostava nela. Ficavam coladinhos dos pés à cabeça. E ia prum lado, ia pro outro e os olhos revirando, quando, de repente, vem a porra do aviso: “Cuidado com papai!”. Acabava tudo. O “circo” se desarmava ela se recompunha.

E essa novela se prolongava até que ela não resistia mais e – pensava ele – se entregava. De corpo e alma. No caso aí era bem mais corpo do que alma. E a coisa ia. Às vezes prosperava e havia noivado e casamento. Às vezes, ficava pelo meio do caminho. Só restavam as lembranças que cada um carregava. Essa parte está muito bem resumida em “Detalhes”, música que até hoje arrepia muita gente. Vige!

Hoje, aquele adolescente já virou cinquentão ou sessentão e algumas coisas continuam no mesmo formato. Se estiver solteiro, que fique claro! O mesmo ritual só que mais light. Assim, nas noites dos primeiros encontros na casa da dama, algumas coisas lembram os antigos romances. Porém, um determinado aviso mudou e é duro de ouvir, penso eu: “Cuidado com meu filho!”.



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