Sabem o que me deixa emocionado com essa Copa? O comportamento das pessoas, dos torcedores, de todos os países e todas as idades. Claro, os jogos são o centro de tudo. Mas, o comportamento das torcidas, como indivíduos, é o que me comove.
Uma coisa se faz evidente. Somos todos iguais. Brasileiros, argentinos, holandeses, ganenses, de qualquer país, cada um com sua peculiaridade, cada um expressando seu entusiasmo pelo seu time, somos, no fundo, todos iguais. O mesmo entusiasmo, o mesmo amor pelo seu time, a mesma torcida vibrante.
Tive esse experiência assistindo os jogos de Natal. Encontrei gentes de diversas nacionalidade; americanos, uruguaios, japoneses, italianos. Sentamos juntos. Torcemos juntos. Todos entusiasmados pelos seus time. Mas todos com um respeito completo aos adversários. Se houve algum incidente, e houve, em alguns estádios, apenas confirmam a regra - a lhaneza no trato, o respeito mutuo, e a brincadeira salutar em que cada um puxava a brasa para a sua sardinha. A grande maioria, para não dizer a quase totalidade, manteve um comportamento exemplar e civilizado.
Tenho a impressão que é por aí o maior legado dessa Copa ou, melhor dizendo, qualquer Copa ou qualquer competição esportiva entre nações. Essa aproximação de nacionalidades diferentes, pessoas diferentes, raças diversas, cada um com seu espírito de luta, cada um com sua escolha apaixonada, imbuídos de uma compreensão e respeito à escolha do outro, vão deixar entre nós uma lembrança imorredoura, e alguns exemplos que deveriam ser permanentes.
Quem, por exemplo, poderá esquecer os japoneses, limpando a parte que ocuparam no campo, ao término da disputa? Mesmo tendo perdido o jogo? Ou o entusiasmo dos ganenses por seu time, muitos vestido à caráter, mostrando seu viés cultural com orgulho? Ou dos americanos, alegres e efusivos, cantando seu hino com um entusiasmo que, para muitos, poderia ser até juvenil? E os jogadores em campo? Numa disputa acirrada, sabendo que uma derrota poderia ser o fim de sua participação, mas mantendo atitude respeitosa perante o adversário? É verdade, houve uma ou outra agressão ou mordida, mas tudo dentro do contexto e até aceitável, pelo calor do momento.
Portanto, o que fica mesmo, para mim, como legado dessa Copa, é a convivência saudável, a competição acirrada mas leal, o entrelaçamento dos povos e a comprovação de que, ao final, independente de cor, raça, religião, língua ou nação, somos todos iguais.