NATAL PRESS

Setenta e dois anos se passaram, desde 7 de dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram, de forma traiçoeira, a base aeronaval de Pearl Harbor. Esse ato levou os Estados Unidos a se engajarem, de forma definitiva, na II Guerra Mundial. Morreram 2400 americanos e 1200 ficaram feridos. Mais uma data que passou em branco na nossa mídia. Pelo menos, não li nada sobre o assunto.

Roosevelt, que vinha mantendo um apoio decidido, mas não ostensivo, aos ingleses, pôde então levar o seu país a uma posição firme e decisiva no conflito. Em seu discurso ao Congresso, pedindo a declaração de guerra ao Japão, pronunciou palavras que ficaram para a história: “Ontem, 7 de dezembro de 1941, uma data marcada pela infâmia, os Estados Unidos da America foram, repentinamente e sem aviso, atacados pelas forças aeronavais do Império do Japão”. A resolução de declaração de guerra teve apoio de todos os senadores (82) e de 388 deputados, com um único voto contra, da deputada Jeannette Rankin, de Montana, uma pacifista intransigente que já havia votado assim quando da I Guerra Mundial.

Uma observação interessante é que, nesse momento, os EUA não declararam guerra à Alemanha e Itália. Esses países tomaram a iniciativa de declararem guerra aos Estados Unidos, três dias depois dessa data.

Há, ainda hoje, controvérsias sobre se Roosevelt sabia ou não da possibilidade do ataque e, para vencer a oposição e o isolacionismo militante contra o envolvimento do país em uma guerra, havia silenciado a respeito. Mas, mesmo que houvesse esse conhecimento, todos são unânimes em dizer que nunca se cogitou fosse esse ataque à Pearl Harbor.

E onde entra Natal nessa história? Claro que, com a entrada dos EUA na guerra, a posição estratégica de nossa cidade, especialmente depois da decisão dos americanos em derrotar primeiro Hitler, para só depois ocupar-se dos japoneses, tornou-se primordial. A necessidade de Parnamirim como apoio imprescindível a movimentação de pessoal e equipamentos tornou-se premente. Cresceram as pressões sobre Getúlio Vargas para um acordo permitindo o uso das bases aéreas e navais brasileiras. 

Com o ataque à Pearl Harbor, essa pressão foi crescente, e nosso governo, finalmente, concordou com a cessão das bases, o que trouxe os americanos para Parnamirim. Essa decisão contou com o apoio decisivo de Oswaldo Aranha, embora com a relutância de Góis Monteiro e Eurico Dutra, inclinados que sempre foram em favor dos alemães. Portanto, o ataque japonês levou o Brasil à guerra e Natal à ocupação americana.

Assim é o mundo. Um acidente longe de você pode transformar a sua vida. Foi o que aconteceu conosco nos idos dos anos quarenta. E que mudou Natal para sempre.



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