NATAL PRESS

No último dia 22, cinqüenta anos transcorreram desde o assassinato de John Fitzgerald Kennedy. Desta vez, até pela importância do fato, a imprensa nacional noticiou o ocorrido. A revista Veja fez uma bela reportagem. Não se olvidaram, como normalmente fazem com as coisas do passado.

Já tive oportunidade de me manifestar sobre o assunto. Naquela ocasião, lembrei-me do que estava fazendo naquele momento. Trabalhava com meu pai e ensinava inglês na SCBEU. Estava tomando um cafezinho, no Café Globo, na Rua Dr. Barata, quando ouvi a notícia pelo rádio. Eram pelas três da tarde. Corri para a SCBEU, onde o diretor americano, Bob Lindquist, já estava sabendo das notícias, com o rádio ligado na “Voz da America”, e muito emocionado. Ficamos juntos até tarde, acompanhando as notícias, que eram continuas. Estávamos, como todo mundo, chocados com o ocorrido.

Tanto tempo depois, ainda hoje se diz que o atentado não foi um fato isolado. Há teorias e mais teorias de que tudo foi um complot, com origem das mais diversas – da esquerda radical e com apoio da USSR e de Fidel Castro, este ainda revoltado com a invasão da Baía dos Porcos, aos mais radicais de direita do pais, como os cubanos de Miami, que nunca perdoaram o que chamaram de “falta de apoio de Kennedy”, ou os contrários às políticas de Direitos Civis e contra a segregação. Por sinal, a Baía dos Porcos foi prato feito deixado por Eisenhower, que Kennedy não pôde desmanchar. Mas negou a sobremesa, que seria o apoio aéreo, o que condenou a invasão ao fracasso.

O governo de Johnson nomeou uma comissão, liderada pelo juiz da Corte Suprema Earl Warren. Apresentou um documento com 880 páginas, depois de longo estudo, confirmando que o ato tinha sido unilateral, de um tresloucado, Lee Oswald, um fracassado em todas as suas iniciativas, em busca de fama. Oswald morou um tempo na Rússia, onde casou-se e tentou a cidadania, sem sucesso; pertenceu à organizações marxistas e de apoio à Cuba. Tentou ir para a Cuba, mas não conseguiu autorização do governo cubano. Foi Fuzileiro Naval e especialista em tiro. Ganhou seu momento de fama, infame fama, sem dúvida.

Um amigo me perguntou. Como seria o mundo hoje, se houvesse Kennedy sobrevivido e sido reeleito, como tudo indicava? Certamente, seria diferente do que é hoje. Com as iniciativas de Kennedy, algumas das quais, como a de Direitos Civis, foi continuada por Jonhson, o mundo seria outro. E os Estados Unidos, com toda certeza, não teria essa política de intervenção na vida dos cidadãos e das nações, sob o argumento de segurança nacional. Desconfiam de tudo e de todos. Esquizofrenia.

Kennedy mandou o homem à Lua. Iniciou o processo de unificação da Alemanha, com o seu discurso de Berlim, famoso pelas palavras “Ich Bin ein Berliner”, que fortaleceu a Alemanha Ocidental e deu força aos berlinenses para resistirem à hegemonia soviética. Despertou os EUA para sua própria força, com a declaração “não pergunte o que o seu pais pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu pais”, em seu discurso de posse. Criou a Aliança para o Progresso, o “Peace Corps”, a USAid. Com essa política, procurou reaproximar os EUA da America Latina. E do mundo, especialmente da África.

Ele e Jackie formavam um par charmoso, jovem, que trouxeram momentos de alegria, elegância e beleza para o poder. Tinham o apoio da classe artística, de intelectuais, e do povo. Eram unanimidade, de todos bem queridos. Sua corte ficou conhecida como “Camelot”, numa menção ao castelo e à corte lendária do Rei Artur. Ainda hoje deixam saudades e boas lembranças.



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