Escrever é uma arte. Para alguns, fácil. Para outros, uma dificuldade. Estou no meio. Gosto de escrever. Quando tenho inspiração, a palavra vem fácil. Quando não tenho, desligo o computador e deixo para depois.

E o nosso português é uma língua complicada. O que tenho visto de erros em nossos jornais! A troca da 3a. pessoa do presente do indicativo pelo infinitivo é uma constante. “Vê”, em vez de “ver”; “dá” em vez de “dar”; “está”, em vez de “estar”, são comuns. Há poucos dias, alguém usou “haver”, em vez de “a ver”. Faço um esforço grande para evitar erros. A crase dá um trabalho danado. Dias atrás, mandei um artigo para um amigo, muito crítico, escritor, tradutor, para quem só mando artigos que eu acho bons e, penso, sem erros de português. Mas, ele sempre encontra algum erro e faz comentários, críticos. Num dos últimos ele disse: gostei, mas cuidado com as crases. Português não é fácil.

Como princípio, uso a orientação de Winston Churchill, um dos maiores escritores do século passado. Ele dizia: das frases, as mais curtas; das palavras, as mais simples. Uma ótima orientação, que procuro sempre seguir. Outro cuidado que tenho é não ser prolixo. Lembro-me que sou um preguiçoso para ler artigos compridos. Como eu, devem existir muitos outros. Tento limitar os meus ao máximo de 500 palavras. Geralmente, paro aí em volta das 400. Com o Word, que mostra a quantidade de palavras escritas, isso fica fácil. Este, vejo, tem 468 palavras.

Mas, o mesmo Word que lhe ajuda, corrigindo até seus erros de ortografia, também lhe prega peças desagradáveis, substituindo palavras que você usa por outras que não cabem no texto. Que sairão, se você não tiver o cuidado de reler. Releio tudo o que escrevo com muito cuidado e ainda saem erros.

Portanto, a vida do escriba não é fácil. Admiro esses jornalistas que, todos os dias, conseguem juntar palavras sobre os mais variados assuntos. Haja inspiração. Venho escrevendo, normalmente, uma vez por semana, para este jornal. E já tive momentos em que juntar essas quinhentas palavras foi um sacrifício.

Lembro como comecei a escrever. Muito cedo, fui trabalhar com meu pai, que tinha um escritório de representações. Naquele então, a alma de um escritório desses era a correspondência. Tudo era resolvido por meio de cartas, que levavam, entre ir e voltar, uma duas semanas. Algum coisa mais urgente, telegrafo nacional; se mais urgente ainda, telegrama Western. Pouco usados, por serem caros.

Depois de certo tempo, passando por tudo que era afazeres, terminei tomando conta da correspondência. Eram vinte, trinta cartas por dia. Os assuntos eram os mais variados. Isso me ensinou duas coisas – datilografia e flexibilidade. Sem dúvida, foi um ótimo aprendizado. Os assuntos são diferentes, mas a experiência e a prática não.