Saiu uma fumacinha branca. O Copom decidiu manter a cautela e a taxa Selic passou para 7.5%. Os especialistas em interpretar os dizeres do comunicado e posteriormente, da ata têm assunto até a próxima reunião. De fato os valores mensais deste ano estão diminuindo, mas estão acima dos valores verificados nos meses correspondentes do ano passado. É possível que a inflação de abril de 2013 seja inferior à de abril 2012 (0,64%). Caso isso aconteça, o coro dos que entoarão o mantra: “a inflação sucumbiu aos tiros de metralhadora do ministro- artilheiro” será ensurdecedor. Em junho, talvez seja mais difícil ‘bater’ o valor de 0,08 e os comentaristas disporão de mais assunto para empolgantes tertúlias. Daí porque “o comitê avalia e blá-blá... (que) a política monetária seja administrada com cautela. Intervalo. Nossos comerciais, por favor.

Na Itália os cômicos podem chegar até bem perto de se tornar primeiro-ministro, caso de Beppe Grillo. Há, porém um outro menos votado – e bem mais velho – Pippo Franco. Um momento hilário que lhe devemos é um monólogo no qual surge a tirada; “Come i listrici fanno l´amore? Con atenzione, con moooooolta atenzione”. Embora desnecessária para os meus leitores, lá vai a tradução: “Como fazem amor os porcos-espinho. Com atenção, com muuuuita atenção”. Um assunto espinhoso como o combate à inflação, decerto, merece igual tratamento. Como esse texto não pretende ser erudito, levando em consideração as limitações do autor, vale a pena contar uma anedota que ilustra a independência do BC. Claro, é uma opinião pessoal. Bem sei que as metáforas possuem o defeito de não retratarem a realidade – exceto aquelas produzidas pelo senhor do ‘nunca antes’. Mesmo assim, vamos a anedota, que poderá ferir retinas delicadas e espíritos pudicos.

Uma residência é assaltada. Os “elementos” dominam o casal, fazem a ‘limpa’. E ocorre-lhes coroar o assalto com um estupro. A mulher em prantos e carregada para um quarto. Quanto ao marido, mantida sob a mira de um “trezoitão”, o tratamento é cruel. Um dos ‘elementos’ desenha um círculo de giz (sem ser o caucasiano de Brecht) e decreta: Se tu sai daí, desse círculo, tu morre. Obviamente nessas horas, a correção gramatical não é prioritária. Terminada a ‘operação’ os “elementos” saem, com as recomendações de praxe, resumidas num lacônico ‘bico calado, se não, nois voltemo’. O casal se abraça em lágrimas. Fúria impotente, lágrimas e tudo o mais que os integrantes da ABL – com exceções – retratariam tão melhor. Momentos depois, a mulher, ainda em compreensível estado de choque pergunta ao esposo: “Querido ao meu sofrimento juntou-se o seu. Você nada pôde fazer”. “Nada disso. Você nem sabe como eu os tapeei.... enquanto praticavam essa barbárie, meu pé saiu por três vezes do círculo”. O que tem isso a ver com a independência do Copom que determinou o que a presidenta já havia declarado na véspera?

Alexandru Solomon, empresário, escritor. Formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar`, ´Um Triângulo de Bermudas`, ´O Desmonte de Vênus` (Ed. Totalidade), ´Bucareste`, ´Plataforma G` e ´A luta continua` (Ed. Letraviva). Livrarias: Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br), Cultura (www.livrariacultura.com.br), Loyola (www.livrarialoyola.com.br), Letraviva (www.letraviva.com.br). | E-mail do autor: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. http://blogdoalexandrusolomon.blog.terra.com.br